HÁ EXATOS 70 ANOS... (2)

 

Meus filhos, que Deus abençoe a todos vocês, reunindo-lhes os corações na mesma vibração divina de paz.

Antes de tudo, venho trazer-lhes os meus votos de um Natal muito feliz! Que os nossos pensamentos se unam, mais uma vez, em busca do Mestre divino, apreendendo-lhe as bênçãos imortais.

Em semelhantes ocasiões, as notas espirituais entre as esferas visíveis e invisíveis são mais belas! Algo nos faz sentir a estrela da grande noite no céu do coração. Esperanças mais nobres florescem-nos no espírito e santas aspirações nascem no campo de nossos ideais. É uma bênção de Jesus, meus filhos, chamando-nos à Espiritualidade Superior.

Cada ano é um passo na jornada. No fundo, parece que todos os passos são idênticos entre si, mas é pura impressão. Cada um marca certas aquisições, valores e possibilidades diferentes. E assim podemos imaginar a existência terrestre como jornada para o Mais Alto. Podemos até criar certas classificações para os viajantes. Os que se caracterizam pelo passo seguro e firme são os que sabem medir a extensão das oportunidades recebidas, seguindo com a devida noção das responsabilidades assumidas. Os que se embevecem totalmente na contemplação do firmamento, em sua expressão espacial, podem ser vítimas de grandes tropeços na Terra. Os que restrinjam a visão às paisagens terrenas podem ignorar os sublimes ideais da altura. Os indiferentes e absolutamente despreocupados quanto ao dever a cumprir costumam rolar desfiladeiros abaixo.

Observamos, pois, desse modo, que a melhor atitude é a do equilíbrio entre o céu e a terra, entre o ideal e a realização. Somente assim é possível caminhar com harmonia e nós sabemos, mormente o Roberto com a última experiência militar, que o passo precisa ritmo.

Que o Natal, portanto, nos reúna ainda e sempre no mesmo doce aconchego familiar. Não é simples convenção cronológica. É oportunidade de aproximação mais intensa em Jesus, cuja grandeza divina vamos compreendendo, devagarinho, à medida que dilatamos as possibilidades respectivas da mente e do coração.

(...) O coração não deve viver sem raciocínio. O raciocínio não deve persistir sem o sentimento. A noção de equilíbrio deve ser uma preocupação para nós todos. (...)

Vamos reconhecendo gradativamente, meu filho, que a paz é uma espécie de fruto do trabalho incessante.

Chego mesmo a concluir que, na atual fase de nossa pressão evolutiva, podemos traduzir a preocupação exterior por tranquilidade interior e a ausência dessa preocupação por tormento íntima da alma. Queremos realizar com o bem e para o bem e, por isto mesmo, temos de sofrer a influenciação do mal. É razoável. O essencial do esforço, porém, é a perseverança. Por ela, formou-se a Terra. Basta meditarmos nisto para alcançarmos grande descanso.

 

22 de dezembro de 1943

 

Livro:  Sementeira de Luz

            Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio,