Luís Olímpio Teles de Menezes

Luís Olímpio Teles de Menezes (Bahia, 1828 — Rio de Janeiro, 16 de março de 1893) foi um jornalista brasileiro. É considerado como um dos pioneiros do Espiritismo no país. Filho de oficial do exército, Fernando Luis Teles de Menezes e de D. Francisca Umbelina de Figueiredo Menezes, esse valoroso pioneiro do Espiritismo em nosso país. Nasceu em Salvador-Bahia, aos 26 de Julho de 1825. Integrante da ilustre família dos Menezes, de velhos capitães, magistrados e clérigos portugueses, a qual desde os primórdios do século XVIII, deu entrada no Brasil. Estabilizou-se na Bahia, dando origem a extensa descendência. Teles de Menezes casou-se, em primeiras núpcias, aos 23 anos, com D. Ana Amélia Xavier de Menezes, da mesma idade. Nela, Teles de Menezes encontrou a esposa compreensiva e carinhosa de todos os instantes até a sua desencarnação em 28 de agosto de 1865. Foi pródiga a descendência desse primeiro matrimônio – entre filhos, netos, bisnetos e tetranetos. Segundo o historiador Dr. Alexandre Passos, embora não seja possível determinar, de fato, a que ramo pertenceu Teles de Menezes, “não resta dúvida, a menor dúvida, aliás, que os Menezes, salvo raras exceções, bons serviços prestaram ao Brasil Colônia e ao Brasil Reino”. Ainda jovem, Teles de Menezes decidiu seguir a carreira do pai que era militar. Entrou para o curso de Artilharia em sua cidade natal, porém logo a abandonou por faltar-lhe a vocação. Estudioso, autodidata, dedicou-se, então, ao magistério. Participou, ardorosamente, da campanha contra o analfabetismo e ao incentivo da literatura entre os jovens baianos. O ensino das primeiras letras no Brasil decretado desde 1827, ainda não era bem aceito pelo povo, como não o era o próprio, deste sendo exigida muita renúncia e abnegação. Por vários anos, Teles de Menezes foi professor de instrução primária e de Latim. Apreciador do purismo gramatical publicou um compêndio a que deu o título de “Ortoépia da Língua Portuguesa”. Foi um dos fundadores do jornal “Época Literária”, foi Presidente e membro da Diretoria, do Instituto Histórico da Bahia. Companheiro de Rui Barbosa no Conservatório Dramático da Bahia, foi professor primário, estenógrafo, funcionário da Assembléia Legislativa e Oficial da Biblioteca Pública da Bahia. Falava o Inglês, o Francês, o Castelhano e o Latim. Escreveu nos seguintes periódicos: Diário da Bahia, Jornal da Bahia, A Época Literária e autor do romance Os Dois Rivais. Foi devido a sua sede de cultura e de conhecimento que Teles de Menezes veio a se interessar pelos fenômenos “inexplicáveis” que ocorriam em todos os continentes e que chamaram a atenção da humanidade. Durante toda a fase de implantação da Doutrina Espírita na França, por Allan Kardec, Teles de Menezes manteve relações de amizade com os espíritas franceses. O intercâmbio de idéias e a correspondência, entre os dois países facilitaram a chegada a terras baianas das tendências filosóficas e culturais que emergiam além-mar. A febre do magnetismo e os fenômenos espíritas explodiam em toda parte e Teles de Menezes interessou-se, vivamente, por esses assuntos, da mesma forma quanto a Allan Kardec e aos trabalhos que este desenvolveu juntamente com os espíritos Codificadores e que culminaram com o lançamento do livro dos Espíritos em 1857. Daí Teles de Menezes vir a tornar-se sócio honorário correspondente da Sociedade Magnética da Itália, filiando-se, “igualmente a várias entidades espíritas” européias. Dentre os distintos confrades com quem Teles de Menezes manteve correspondência, distinguem-se o professor Denizard Hippolyte Leon Rivail e seu secretário A.Deslien. Em 1860, surgiram no Brasil as primeiras obras espíritas. Cinco anos depois, precisamente às 22:30 horas do dia 17 de setembro de 1865, realizou-se em Salvador, na Bahia, a primeira sessão espírita no Brasil, sob a direção do pioneiro Luís Olímpio Teles de Menezes, surgiu o primeiro Centro Espírita brasileiro, o Grupo Familiar do Espiritismo, na então Província da Bahia, primeira agremiação doutrinária no Brasil. Naquela data, durante a primeira reunião do Grupo , um espírito que se denominou "Anjo de Deus" ("Anjo Brasil", segundo outros autores, e que alguns associam ao próprio "Ismael"), enviou psicograficamente uma mensagem, cujo teor muito sensibilizou os presentes. Essa iniciativa provocou imediata reação da Igreja que encontrou, em Teles de Menezes, um adversário corajoso e honesto. No ano seguinte (1866) publicou o opúsculo "O Espiritismo - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita", uma seleção de trechos que traduziu de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. O periódico, impresso na tipografia do Diário da Bahia, contava com 56 páginas e chegou a circular no exterior - em Londres, Madri, Nova Iorque e Paris. Em breve se fez sentir a reação da Igreja Católica, que começou a pregar acerca dos malefícios da nova doutrina, vindo a lançar uma Carta Pastoral, datada de 16 de junho, mas apenas divulgada a 25 de julho de 1867. Essa Carta, em forma de opúsculo, com o título "Erros perniciosos do Espiritismo", acusava violentamente o Espiritismo recorrendo a inverdades. Teles de Meneses, para refutá-la, escreveu uma carta aberta, da qual publicou duas edições no mesmo ano, ao Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, D. Manoel Joaquim da Silveira, onde afirma: "O Espiritismo tem de passar por provas rudes, e nelas Deus reconhecerá sua coragem, sua firmeza e sua perseverança. Os que se ausentam por um simples temor, ou por uma decepção, assemelham-se a soldados que somente são corajosos em tempo de paz, mas que, ao primeiro tiro, abandonam as armas." Acredita-se que essa carta tenha se constituído na primeira obra espírita de autor brasileiro, publicada no Brasil. Sendo o ponto mais aceso a questão da reencarnação, a polêmica veio a encerrar-se depois de longo tempo, quando o padre Juliano José de Miranda, sabendo que Teles de Meneses era católico de nascimento, deu-a por encerrada afirmando que "Espiritismo e Catolicismo são a mesma Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo". Teles de Menezes detém igualmente o título de pioneiro da imprensa espírita no Brasil. Em 8 de março de 1869 anunciou, através de discurso proferido no Grêmio dos Estudos Espiríticos da Bahia, o aparecimento do jornal O Eco d'Além-Túmulo - Monitor do Espiritismo no Brasil (BARBOSA, 1987:70-71), primeiro periódico Espírita no país, referindo: "A nós, que nos achamos hoje reunidos, constituindo, naturalmente, o Grêmio dos Estudos Espiríticos na Bahia, e a quem uma certa vocação do Alto cometeu o empenho desta árdua missão, árdua e até espinhosa, sim, mas irradiante de bem fundadas esperanças, incumbe, pelos meios que de mister é serem empregados, propagar essa crença regeneradora e cristã, fazendo-a chegar indistintamente a todos os homens; e o meio material que a Providência sabiamente nos oferece para levar rapidamente a palavra da verdade à inteligência e ao coração de todos os homens, é a Imprensa." Em 1869 (8 de março), Teles de Menezes reunia seus companheiros no “Grêmio de estudos Espiríticos da Bahia” e anunciou o aparecimento, para breve, do primeiro jornal espírita do Brasil: “O ECHO D’ALÉM-TÚMULO”, o que realmente ocorreu naquele mesmo ano, no mês de julho.   Com 56 páginas, in 8º, bimestral, circulava não só na Bahia, mas em outras partes do território nacional, bem como em Londres, Lyon, Paris, Madrid, Barcelona, Sevilha, Nova Iorque, Bolonha e Catânia. E o “ECHO D’ALÉM-TÚMULO” nasce abolicionista, difundindo, em meio à efervescência política da época, os princípios imortais do Espiritismo, sustentados na máxima: igualdade, liberdade e fraternidade. Por volta de 1876, Teles de Menezes partiu para o Rio de Janeiro onde fixou residência na Rua Barão de são Félix, 165 – Sobrado, onde viveu com a sua Segunda esposa, D. Elisa Pereira de Figueiredo Menezes e alguns filhos do primeiro matrimônio. Cumprida sua missão dentro do Espiritismo em Salvador, Teles rumou para o Rio de Janeiro, onde fixou residência, passando, pouco depois, por volta de 1879, a fazer parte da distinta e culta corporação taquigráfica do Senado do Império. A data de 28 de agosto de 1881 registra a perseguição oficial ao Espiritismo. Nos periódicos O Cruzeiro e Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, foram anunciados a ordem policial proibindo o fundamento da "Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade e dos Centros filiados. Em 6 de setembro de 1881, uma comissão de espíritas é recebida pelo Imperador D. Pedro II, que promete não haver mais perseguições aos espíritas, porém elas continuaram a ocorrer. Em 21 de setembro do mesmo ano, a comissão retorna ao Imperador, que volta a afirmar sua intenção de não permitir perseguições aos espíritas. Ainda em 6 de setembro de 1881 é realizado o Primeiro Congresso Espírita do Brasil, com o objetivo de reunir e orientar as instituições espíritas. Aos 16 de março de 1893, após sofrer os embates de dolorosa e pertinaz enfermidade (nefrite), desencarnou o pioneiro da Imprensa Espírita no Brasil, aos 68 anos de idade. Pouco tempo de vida terrena restava a Teles e este pouco ele o passou sob longos e dolorosos padecimentos causados pela nefrite, e que somente tiveram fim às 22 horas e 40 minutos do dia 16 de Março de 1893. Neste dia e nesta hora desatava ele o Espírito às claridades do Além mundo, onde afinal iria receber o prêmio aos seus laboriosos esforços. Desencarnou em pobreza extrema, sendo o seu enterro feito a expensas de dois colegas taquígrafos, que lhe prestaram os melhores serviços de amizade. Teles de Menezes inscreve-se no contexto da Imprensa Espírita, e, historicamente, no da Imprensa Brasileira como um de seus mais lídimos exemplos de idealismo e honradez.