Gustave Geley

Gustave Geley – O mais "Espírita" dos Pesquisadores Metapsíquicos
 

Um dos principais filósofos e cientistas de tendência claramente espírita do século 20 foi, sem dúvida, Gustave Geley. Gustave Geley, francês nascido em 1868, em Monceau-Les-Mines, doutor em medicina por Lyon, desde jovem se viu atraído pelo inquietante problema da sobrevivência e da evolução humana. Homem de ação e cientista por natureza decidiu dedicar sua vida e prestígio ao crescimento da Metapsíquica. Em 1919, convidado por J. Myers abandonou a prática médica e passou a dedicar-se integralmente as pesquisas metapsíquicas, tornando-se o primeiro presidente do Instituto de Metapsíquica Internacional – I.M.I. Geley foi um dos mais notáveis pesquisadores no campo das materializações, tornando-se referência obrigatória no estudo do ectoplasma e seus fenômenos. Estão entre suas contribuições os estudos e pesquisas extensivas com os médiuns de efeitos físicos Franek Kluski, Jean Guzik e Eva Carriére. Com Franek Kluski conseguiu obter moldes em parafina de mão e braços de espíritos materializados, ainda hoje em exposição no IMI em Paris. Seu trabalho com Eva Carriére, a quem submeteu aos mais rigorosos testes e provas a fim de evitar qualquer possibilidade de fraude, foram assistidos por mais de 150 homens de ciência comprovando a veracidade das materializações ali obtidas. Dentre suas obras destacamos: O Ser Subconsciente (1899); Essai de revue generale et l’interpretation syntehetique du Spiritisme (1898); L’ectoplasmie et la Clairvoyance (1924) e Del Inconsciente al Consciente (1918). Podemos considerar Geley espírita (apesar de o mesmo não ter-se declarado formalmente como tal), pois aceitava a sobrevivência da alma, a reencarnação e a comunicação com os mortos. Sobre o Espiritismo ele assim se expressa em seu Essay de revue generale d’interpretation syntehetique Du Spiritisme (lançado no Brasil com o título Resumo da Doutrina Espírita): “A Doutrina espírita é muito grandiosa para não impor aos pensadores uma discussão profunda. Bom número deles concluiu, seguramente, considerando que uma doutrina baseada sobre fatos experimentais tão numerosos e tão precisos, e acordes com todos os conhecimentos científicos nos diversos ramos de atividade humana, dando solução muito clara e muito satisfatória aos grandes problemas psicológicos e metafísicos, é verossímil; muito mais verdadeira; é muito provavelmente verdadeira”. (Del Incosnciente al Consciente, G. Geley, pag. 9 , Casa Editorial Maucci- Barcelona). Em resposta a uma pesquisa feita pela revista Filosofia della Scienza em 1913 expressou assim sua posição quanto à reencarnação: “Eu sou um reencarnacionista por três razões: (1) porque a doutrina me parece totalmente satisfatória do ponto de vista moral, (2) absolutamente racional do ponto de vista filosófico e (3) do ponto de vista científico aceitável, ou melhor, ainda, provavelmente verdadeira. Sua contribuição ao avanço da Metapsíquica é tão relevante que mesmo o evento se sua morte é significativa e contribuiu para a comprovação dos fenômenos metapsíquicos. Dois casos de premonição vaticinaram as circunstâncias da morte de Geley. O primeiro ocorreu na experiência levadas a cabo pelo Dr. Eugênio Osty. Iniciando-se 31 meses antes do fato e durante 14 sessões, o sensitivo insistiu na morte acidental, por queda, de um médico francês, homem de ciência, durante uma viagem a um país distante. O segundo caso é mais impressionante ainda. Em abril de 1924 o sensitivo-clarividente francês Pascal Forthuny obteve um “aviso” auditivo que o ordenava a procurar o Dr. Geley no IMI sem demora. Pascal devia comunicar que fora prevenido da morte próxima de um médico francês na Polônia, vítima de um desastre de aviação. Pascal procurou Geley imediatamente e lhe contou a premonição. Geley perguntou então quem seria tal médico, pergunta que Pascal não soube responder. Geley como homem de ciência anotou detalhadamente esse fato para posterior pesquisa e comprovação. Porém a comprovação veio, tragicamente, apenas alguns meses depois. Em 14 de julho de 1924, após encerrar uma série de sessões na Polônia com o médium Franek Kluski, o médico e pesquisador Gustave Geley, tentou retornar à França. A principio teve dificuldades em encontrar piloto que o acompanhasse, devido aos festejos da Revolução Francesa em Varsóvia. Porém, sem recordar da premonição à ele revelada por Pascal Forthuny, Geley tanto insistiu até que encontrou, finalmente, um piloto disposto a empreender a viagem. Tão logo  levantou vôo sobre Varsóvia o avião, por causas desconhecidas, caiu matando Geley e o piloto. Geley merece de todos nós a admiração e o reconhecimento por sua dedicação, seu espírito cientifico e acima de tudo por suas preocupações éticas e morais, na busca de um mundo mais belo e melhor.  Vamos terminar esse artigo com um pequeno extrato do pensamento filosófico de Geley, transcrito, em tradução livre, de sua obra: Del Inconsciente al Consciente: “O mal não é resultado da vontade, da impotência ou imprevidência de um Criador responsável. O mal não é tampouco o resultado de uma queda. O mal é companheiro inevitável do despertar da consciência. O esforço necessário para o passo do inconsciente ao consciente não pode deixar de ser doloroso. Caos, tentativas, lutas, sofrimentos; tudo isso é conseqüência da ignorância primitiva e do esforço por sair dela... O mal, em uma palavra, não é mais que a medida da inferioridade dos seres e dos mundos. E nas fases inferiores de sua evolução está a razão suprema deste bem supremo: a aquisição da consciência”. (Geley, G. – Del Inconsciente al Consciente, pág. 375, Casa Editorial Maucci – Barcelona – Espanha)

 

Não sei se você sabe, mas Geley foi colega

de Freud, juntamente com Richet e Albert Von Shrek Notzing, no Hospital Salpetrière, em Paris, quando estudaram o tratamento da histeria pela hipnose, orientados pelo Dr. Jean Martin Charcot. É interessante a vinculação desses três futuros metapsiquistas com as questões da alma que, certamente, o estudo da hipnose enseja.