Anna Prado

 

Anna Prado é natural da cidade de Parintins nasceu em no ano de 1883, na referida localidade, participou efetivamente do grupo espírita amor e caridade. Casou-se com o Sr. Eurípedes Prado, mãe de três filhos: Erastóstenes, farmacêutico, Alice e Antonina, médium psicográfica. O marido de Anna a obrigava ir ao centro para trabalhar em reuniões mediúnicas, e quando Anna saia da reunião corria rumo a igreja, para se confessar, achando que tinha pecado. Anna era católica e não sabia sobre sua mediunidade. Mas no período de 1918 a 1921, começaram a ocorrer fenômenos de materialização de Espíritos que sacudiu o Brasil, e especialmente, na cidade de Belém do Pará onde aconteceram materializações de fotografia de Espíritos e de Escrita Direta, através da mediunidade de efeitos físicos da Sra. Anna Prado. As primeiras manifestações tiveram lugar em 12 de junho de 1918. Num fenômeno de transporte, os Espíritos fizeram aparecer, sob pequena mesa situada na sala devidamente fechada, uma bela flor, que, de forma poética, simbolizava a avalanche de prodigiosas comprovações da imortalidade da alma que aquele pequeno grupo assistiria ao longo de três anos. Começaram com comunicações tiptológicas, seguindo depois, nas mais variadas formas, como moldagens em parafina, apports, materializações de Espíritos, fotografias e por fim, Escrita Direta. As materializações se realizavam a não deixar dúvidas, pois surgia a forma humana de modo completo. A médium era encerrada numa gaiola de ferro, sob rigoroso controle dos assistentes.  Inicialmente, esclareceu o Sr. Prado: “Os fenômenos observados em minha casa, cercado de minha esposa e filhos,foram franqueados,ao princípio, a um pequeno círculo de amigos. Mais tarde esses amigos,começaram a pleitear o ingresso de outros. Houve uma Relutância por parte de Anna Prado em aceder, mas como os pedidos foram tantos que ela consentiu, e também que fosse divulgado pela imprensa. Como não bastassem tais produções, por si mesmas já bastante convincentes, os Espíritos também produziram materializações. Dentre os Espíritos materializados, destaca-se Raquel, que fora filha do casal Figner. Anna Prado, na cidade de Belém do Pará, entregou-se à produção de vastos fatos, frutos de efeitos físicos, em sessões onde tomavam parte, entre outros, o Sr. Frederico Figner e sua esposa, D. Esther Figner.

 

Ela apareceu, pela primeira vez, no dia 2 de maio de 1921.  

“... Surgiu, junto à cortina, uma jovem, com todas as aparências e gestos de Raquel a tal ponto que D. Ester, sua mãe, exclamou: ‘É Raquel!’.
E o Espírito, respondeu:
“Mamãe, mamãe!...”.
O Espírito Raquel ainda materializou-se em mais duas sessões e despediu-se. A materialização desse Espírito ocorreram de forma completa: o Espírito andou pela sala, acariciou e beijou as faces da mãe e do pai e a perceberam como se tivesse carne e osso. Os gestos eram absolutamente os da filha dos Figner, e mesmo o corpo, a forma, ‘o vestidinho acima do tornozelo, de mangas curtas e um pouco decotado’. Apresentou-se, assim, diante dos assistentes na reunião de Anna Prado, e, muito especialmente, face a face com os seus pais.” Foram, aqueles, momentos de grande contentamento para pai e mãe, e para esta em especial. Em uma das manifestações, Raquel pede à mãe que deixe de usar o luto, pois, como ela afirmara, era “muito feliz” em sua nova condição. O fato foi relatado pelo próprio Figner, depois de morto, no livro “Voltei”, transmitido através do médium Chico Xavier, sob o pseudônimo de Irmão Jacob. Anna Prado foi acusada de fraude, e o maior adversário foi um padre francês o Padre Florêncio Dubois, que fazia cerrada contestação pelos jornais da capital, com acusações infundadas, para afinal sempre repetir: “Eu tudo explico pela fraude, ainda pela fraude, sempre pela fraude.”
O padre fez várias tentativas, mas nunca conseguiu autorização para participar das sessões, fato que o deixava ainda mais irritado. Além do mais, impunha condições sem propósito para sua participação.
A Escrita Direta também foi um dos fenômenos observados nas sessões da Sra. Anna Prado. Ocorriam a plena luz, fato este atestado por Manuel Quintão e relatado em seu livro “Fenômenos de Materialização”: “A primeira sessão realizou-se à plena luz. Nela obtivemos a escrita direta, o transporte de objetos, a manipulação de flores em parafina, esta com luz graduada.”
E a mensagem escrita, dizia, dentre as frases: “Sofram com coragem as injúrias do padre.”
O fato mediúnico expandiu-se pelo mundo afora, sendo publicado um relato do caso na “Revue Métapsychique”, nas edições nº 2, 1922 e nº 1, 1923.
Igualmente Delanne, também registrou o fato: “Essas sessões se fizeram debaixo de fiscalização minuciosa. Muitas vezes era a Sra. Prado fechada numa gaiola, e os Espíritos se materializavam do lado de fora. Tais experiências se reproduziram em vários lugares, com o mesmo êxito.”
Desencarnou no dia 24 de Abril de 1923, na mesma cidade, em um acidente, minada de desgostos, mas o seu nome ficou registrado nos anais do psiquismo, como uma das muitas mártires, enxovalhados pelos sectaristas, vítima da inconsciência das paixões.

Noite de 24 de fevereiro de 1955.

Na sede do Grupo Espírita Meimei, em Pedro Leopoldo, o médium Francisco Cândido Xavier torna-se passivo à já desencarnada médium Anna Prado. Usando de uma simplicidade tão sua, Anna Prado faz breves considerações sobre sua tarefa mediúnica no plano físico e o seu objeto de dedicação no plano espiritual. Dedicava-se, agora, conforme suas próprias palavras, “mediunidade de efeitos espirituais”, “Colaborei na materialização de companheiros desencarnados, na transmissão de vozes do Além, na escrita direta e na produção de outros fenômenos, destinados a formar robustas convicções, em torno da sobrevivência do ser, além da morte, no entanto, ao redor da fonte de bênçãos que fluía, incessante, junto de nossos corações deslumbrados. Na sequencia, a lúcida entidade enfatiza os perigos a que se expõe o médium de efeitos físicos, que corre o risco de crer-se mais do que em verdade é, sendo, apenas, mero intermediário do invisível e depositário das bênçãos divinas. Porém, entregando-se à ilusão da superestima devastadora, entrega-se, também, às entidades inferiores, incursionando em obsessões de duas proporções. Continua ela na sua  “Observação Oportuna” a cerca da vaidade: “A vaidade na excursão difícil, a que nos afeiçoamos com as nossas tarefas, é o rochedo oculto, junto ao qual a embarcação de nossa fé mal conduzida esbarra com os piratas da sombra, que nos assaltam o empreendimento, buscando estender o nevoeiro do descrédito ao ideal que esposamos, valendo-se, para isso, de nosso próprio desmazelo.” E onde encontrar o remédio para esses males, e mesmo a prevenção contra a vaidade e todos os perigos a que a mediunidade, não somente a de efeitos físicos, mas também de efeitos inteligentes pode levar? A resposta está naquilo que ela chama de MEDIUNIDADE DE EFEITOS ESPIRITUAIS!       A observação reporta-se apenas à profunda significação do serviço evangelizador, em nosso intercâmbio, porque o sofrimento, a ignorância, a irresponsabilidade, os problemas de toda espécie e os enigmas de todas as procedências constituem o ambiente comum da Terra, perante o qual a MEDIUNIDADE DE EFEITOS ESPIRITUAIS deve agir, renovando o sentimento e abordando o coração, para que o raciocínio não seja ocioso e inútil, à mercê dos aventureiros das trevas que tantas vezes inventam dificuldades para os veneráveis supervisores de nossas realizações.”

As fotos que serão exibidas à seguir foram extraídas da 1ª edição do livro "O Trabalho dos Mortos", de Nogueira Faria - publicado pela editora da Federação Espírita Brasileira - Ano: 1921