O Natal de Jesus

 

Nessa época era de dores acerbas e de conflitos intérminos.
As paixões que predominavam em a
natureza humana, consumiam as mais belas florações das vidas, ameaçando a estrutura da sociedade que estorcegava em aflições devastadoras.
O monstro da guerra espalhava horror em toda a p
arte.
A política arbitrária dos governos estabelecia a supremacia da brutalidade sobre os direitos humanos, impedindo o desenvolvimento social e
moral das criaturas.
Em toda a p
arte a presença pestífera da intriga, do ódio, das discriminações de umas contra outras raças, assim como contra a mulher, as minorias, os enfermos graves, contaminava as comunidades, sufocando os ideais de liberdade, de fraternidade e de amor.
O
homem tornara-se inimigo de outro homem, que desejava eliminar sem compaixão, gerando o horror que ateava o fogo da destruição por onde passava.
A supremacia da
força esmagava quaisquer tentativas de apoio ao belo, ao bom, à verdade, em terrível manipulação dos interesses mesquinhos que se afiguravam de alta relevância na transitoriedade dos jogos carnais.
As vozes que se er
guiam para exaltar o dever, a dignidade, o bem, eram sufocadas com impiedade, enquanto o corcel do desespero avançava pelas paisagens conquistadas, levando mais temor e menos misericórdia.
O triunfo pertencia aos vence
dores dos outros, àqueles que ceifavam outras vidas, que tripudiavam sobre a dignidade, a virtude, as heranças de enobrecimento humano.
Os pobres, os necessitados, a
infância, a velhice, eram excluídos dos banquetes que se permitiam os conquistadores do mundo exterior, enquanto desfilando nos carros de luxo e grandeza que o túmulo sempre termina por devorar...
A fome, as doenças e a sub
missão humilhante faziam parte da miseranda existência do povo, dos que podiam ter os corpos mutilados e as vidas exterminadas sem qualquer motivo.
Aquele, porém, era o período de transição da sombra para a madrugada que anunciaria a Nova Era.
... E esse amanhecer começou com o Natal de Jesus.

Joanna de Ângelis