LIDAR COM PESSOAS AGRESSIVAS

 

 

 

COM A PALAVRA...

 

          No final da década de 70, esteve em nossa região o saudoso poeta paraibano Eurícledes Formiga, para um ciclo de palestras.

          Durante sua exposição, na cidade de Jaguapitã, por váras vezes citou fatos pitorescos da vida de Chico [Xavier], enriquecendo muito sua mensagem.

          Mas foi quando ele se reportou à figura do discípulo de Emmanuel pregando o Evangelho para os humildes, embaixo de um abacateiro, que, sem nenhuma dúvida, emocionou a todos.

          Segue-se o registro daquele momento.

 

NO ABACATEIRO

 

          Disse Formiga:

          Há um ponto em Uberaba (certamente muitos dos irmãos aqui conhecem) que é o famoso Abacateiro, onde Chico ia pregar o Evangelho aos sábados.

          Aquelas peregrinações maravilhosas, com aquela humildade, com aquela pureza toda do Chico! Ele abre o Evangelho, disserta um tema evangélico, debaixo daquela árvore... e aquela multidão de famintos espirituais, famintos de consolo, de reconforto, de paz, de fortalecimento em suas duras provações de miséria em que se encontram...

          E a palavra do Chico brotando como água límpida de uma fonte, dessedentando aquelas almas do caminho.

          Um dia Chico contou uma coisa maravilhosa dentro deste contexto, que é a exposição informal que eu estou fazendo aqui.

          Ele disse o seguinte...

 

O SÁBIO E O ESCORPIÃO

(A INDULGÊNCIA)

 

“Certa vez, na Índia, um sábio passava, com seu discípulo, à margem do Rio Ganges, quando viu um escorpião que se afogava. Ele então correu e, com a mão, retirou o bichinho e o trouxe à terra firme.

Naquele instante, o escorpião o picou... Dizem que é uma dor terrível... Inchou a mão do sábio.

Assim que ele o colocou no chão, pacientemente, o escorpião voltou para a água. E ele, com a mão já inchada, debaixo daquelas dores violentas, vai e o retira novamente.

E o discípulo a observar...

Numa terceira vez em que ele traz o escorpião, já com a mão bastante inchada e as dores violentas, ele o põe mais distante, em terra. Aí, o discípulo já não suporta mais aquilo e diz:

- Mestre, eu não estou entendendo... Este bicho... É a terceira vez que o senhor vai retirá-lo da água e ele pica sua mão dessa maneira. O senhor deve estar sofrendo dores terríveis!...

E ele, com a fisionomia plácida das almas que conhecem o segredo do bem, daqueles que já realmente conquistaram um território de amor e renúncia no coração, que têm a visão das verdades celestes, vira-se para o discípulo e diz:

- Meu filho, por enquanto, a natureza dele é picar, mas a minha é salvar!”

 

Livro:  Um Minuto Com Chico Xavier

            José Antônio Vieira de Paula