Impulsos
“Não é nossa culpa / nascemos já com uma bênção...”.
Estaria certa a canção popular que inicia com esta afirmação?
Até onde sei, podemos não lembrar objetivamente dos fatos que nos levaram à nossa atual condição.
Mas o aprendiz atento encontrará em seus pequenos hábitos, nas manias tolas, nas preferências fúteis, os sinais tanto das virtudes alcançadas quanto das vicissitudes que nos penalizam hoje.
São dolos e culpas, amorosamente encobertos, que dão base à nossa “sentença penal” atual.
Nessa meditação, porém, Emmanuel afirma que a vida não nos impõe tais situações apenas pelo prazer de nos ver sofrer.
São impulsos que nos direcionam ao bem, ao progresso e à educação.
Somos todos destinados à suprema felicidade sob a guia da Justiça Divina.
Como colaborar com este impulso para nossa felicidade?
Pela Caridade, conforme Jesus a entendia: benevolência, indulgência e perdão.
Assim diz Emmanuel:
“Jesus, o Divino Penalogista, exortou-nos, convincente:
`Perdoa não sete vezes, mas setenta vezes sete`.”.
E explica, por comparações, de que forma age o mal como desequilíbrio profundo em nossa composição orgânica e espiritual.
Dor moral de ferir alguém é abcesso que deverá ser drenado.
Vício é uma fístula que deverá ser tratada lá na causa, em sua origem.
Delinquência é tumor maligno, tão perigoso que há mesmo risco de morte.
Revolta e vingança são feridas que abrem nosso interior para graves infecções e enfermidades. Como nos imunizar e fechar tais feridas? Tolerância e perdão.
“Às penas que o Espírito experimenta na vida espiritual ajuntam-se as da vida corpórea, que são consequentes às imperfeições do homem, às suas paixões, ao mau uso das suas faculdades e à expiação de presentes e passadas faltas.” — afirma Allan Kardec no inciso 31 do Código Penal da Vida Futura (vide “O Céu e o Inferno”).
“Esparze, desse modo, as vibrações confortativas da prece sobre todo aquele que caiu no logro do mal.”
— exorta-nos Emmanuel.
Cada erro guarda em si o gérmen de sua sentença:
Na calúnia, a repressão da língua.
Na deserção, as frustrações que foram irradiadas.
Na ingratidão, os arrependimentos tardios.
Na ofensa, a dor de consciência.
No crime, o padecimento das próprias vítimas.
São resgates proporcionais aos débitos assumidos, levando por multa e juros a dor do remorso.
Portanto, se alguém te golpeia e ofende, silencia!
Esquece o mal, lembrando que mais vale ser o ofendido do que o ofensor.
“Não precisa indica-lo a esse ou aquele castigo, perante a barra dos tribunais, porque o maior sistema de punição já está dentro dele.” (Emmanuel)