MAL DE ALZHEIMER

(...)

Quando silenciou, demonstrando o entusiasmo pelo que houvera visto e acompanhara, Petitinga completou:

“A reencarnação é a luz que aclara o entendimento lógico em torno dos incontáveis quesitos afligentes da existência humana. Demonstrando que cada espírito é autor de suas conquistas e desgraças, faculta a reabilitação de quem erra e estimula o progresso de quem acerta através dos mesmos processos pedagógicos do amor e do trabalho.

Chama-me a atenção, porém, na atualidade, a alta estatística de portadores do Mal de Alzheimer, padecendo de lamentável degeneração neuronal, em processo expiatório aflitivo para eles mesmos e para os familiares, nem sempre preparados para essa injunção dolorosa. Incompreendido o processo degenerativo, a irritação e a revolta tomam conta da família que maltrata o enfermo, quando este necessita de mais carinho, em face do processo irreversível. A segurança dos diagnósticos já contribui para que, no início, se possa atenuar e retardar os efeitos progressivos dessa demência assustadora. Sem dúvida, trata-se de um veículo expiatório para o paciente e o seu grupo familiar. Embora a gravidade de que se reveste essa degenerescência, adversários desencarnados pioram o quadro, afligindo a vítima em tormentosos processos de agressão espírito a espírito, em razão do paciente encontrar-se em parcial desdobramento, pela impossibilidade de utilizar-se do cérebro, então alucinando-o pelo medo que alcança as vascas do terror...

Ignorava que nessa demência também pudessem ocorrer influências nefastas.

Sem dúvida que, em todos os processos de resgate espiritual, sempre existem dois envolvidos, e aquele que foi vítima sempre aproveita de qualquer oportunidade, sem compaixão, para desforrar-se de quem o prejudicou. A obsessão, por isso mesmo, é mais volumosa e sutil do que se conhece, mesmo nos estudos espiritistas atuais, porquanto, nem todos os quadros podem ser percebidos exteriormente, sendo muito comuns nos estágios do coma, da morte aparente, das degenerações cerebrais...

Recordo-me de quando Alois Alzheimer estudou uma paciente, a senhora Augusta D., portadora de um tipo de degenerescência mental, e nela encontrou os elementos cerebrais de estruturação dos seus alicerces para o conhecimento da enfermidade que posteriormente lhe recebeu o nome, em homenagem ao seu trabalho extraordinário, ainda mais considerando-se o atraso da pesquisa óptica através dos microscópios, que ele conseguiu de forma exaustiva nas suas longas necropsias. Desencarnando a paciente, embora o diagnóstico estabelecido, foi constatado que ela falecera de um outro tipo de enfermidade, mas abrira o caminho para o conhecimento desse flagelo neurodegenerativo. Foi ele quem descreveu, por primeira vez, em 1906, o que sucede com os novelos neurofibrilares, que são as modificações intracelulares que se apresentam no citoplasma dos neurônios, complicando diversos departamentos cerebrais.

Como efeito desse processo, os pacientes têm afetada inicialmente a memória, sofrem distúrbios cognitivos, especialmente aqueles que respondem pela fala, pela capacidade de concentração, ampliando-se o desequilíbrio no raciocínio, na perda da orientação espacial, da habilidade para calcular, enfim, dos processos normais de lógica e de comportamento...

Anteriormente ignorada, a enfermidade era tratada como um estado de demência progressiva, sem possibilidade de reversão. Ainda hoje continua sem grande esperança de cura, em face dos danos graves produzidos ao cérebro, que se atrofia expressivamente, mas que, detectada precocemente, pode ter diminuídos os efeitos desastrosos... Então constato que, em se tratando de uma expiação, num processo terminal, não tem como ser estacionada, e menos, recuperada. O curioso, nesse quadro, é a hereditariedade, que exerce um papel fundamental na sua manifestação, comprovando que esses pacientes são espíritos incursos em delitos idênticos e praticados juntos, não lhe parece? Pesquisadores atenciosos identificaram uma base hereditária mediante a descoberta de um marcador genético no cromossoma 21 em determinado grupo familiar, enquanto que, noutro, a evidência induz à ação do cromossoma 19”...

“Exatamente” – concluiu Petitinga – graças a essa ocorrência infeliz, os espíritos acumpliciados retornam no mesmo grupo biológico, a fim de encontrarem os fatores predisponentes e preponderantes para a ação do perispírito na elaboração do corpo que propiciará o aparecimento da enfermidade moralizadora do endividado. Aquele, porém, que não consegue a dádiva da reencarnação, permanece na erraticidade em aflição, vinculando-se ao antagonista quando as circunstâncias se fazem propiciatórias.

As obsessões sutis são muito graves, porque passam quase despercebidas e, quando são anotadas, ei-las já enraizadas nos departamentos mentais e emocionais das suas vítimas.”      

 

Livro:  Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos

Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda

LEAL – Livraria Espírita Alvorada Editora